Para o presidente da LOréal Brasil , o francês Didier Tisserand, a economia brasileira “perdeu muito de sua dinâmica”. Ele não identifica no cenário atual “mudanças que façam pensar que irá acelerar”. Mas, mesmo assim, olha 2014 com otimismo. O investimento previsto para este ano é de R$ 250 milhões.

Entre os 146 países onde a LOréal atua, a subsidiária brasileira foi a que mais cresceu em 2013. O faturamento foi 13,3% superior ao do ano anterior. Alcançou R$ 2,2 bilhões. Já as vendas do grupo, segundo o balanço divulgado segunda-feira, totalizaram € 22,98 bilhões, com aumento de 5% em relação a 2012.

“O Brasil teve uma participação importante nesse resultado”, afirma o presidente da multinacional. Não foi por acaso que na divisão do grupo em oito regiões geográficas, o país tornou-se uma delas – no grupo da América Latina estão apenas os países de língua espanhola.

O otimismo de Tisserand baseia-se em apostas incontestáveis. Uma delas é que a classe C continua comprando e cada vez mais. Outra é a oportunidade devido à mudança da pirâmide populacional. O envelhecimento da população faz com que a mulher em faixa etária mais elevada busque mais produtos para pele e cabelos.

Dos R$ 250 milhões previstos para este ano, boa parte irá para aumento de capacidade de produção das duas fábricas, uma no Rio (produtos para coloração, dermocosméticos, xampus de alta gama e cremes) e outra em São Paulo (fábrica de esmaltes para unhas e produtos capilares). Entretanto, a maior parte dos recursos – ele não especifica quanto – irá para a pesquisa e desenvolvimento.

Mais de 95% dos produtos vendidos pela multinacional no país são feitos localmente. No ano passado, foram lançados cerca de 500 produtos. E quase a totalidade deles foi para cabelos, com fórmulas criadas no laboratório do Brasil . Para coloração, a fórmula é importada.

Há 100 técnicos nos laboratórios na fábrica, no Rio, atuando há seis anos. Os pesquisadores terão instalações próprias, mas a abertura deste novo centro está demorando mais do que o previsto. Vai ser na Ilha de Bom Jesus, na Baía de Guanabara, mas a disponibilização do terreno esbarrou “numa lista infinita de problemas”. A área era do Exército e ainda não há data para o início da construção. “O processo está absurdamente demorado, mas vamos finalizar, a Prefeitura do Rio está nos ajudando”, informa o presidente da LOréal.

Também são criadas no país fórmulas para produtos para pele, maquiagem, desodorantes. “Vemos novas oportunidades em maquiagem e tratamento da pele. (A linha) Maybelline cresceu mais de 50% com a nova distribuição em quiosques, além da venda de cosméticos em farmácias. Reforçamos a presença neste mercado. Há perspectivas importantes para o futuro”, avalia.

A presença no varejo é uma aposta. “Em janeiro de 2012, a L´Oréal linha uma loja de (produtos) a da linha Kiehls. Em janeiro de 2014 já são quase 200 lojas monomarcas”, destaca.

São de 10 da família Kiehls, 58 quiosques Maybelline e com compra (em outubro) de 51% da (brasileira) Empório Body Store há mais 120 lojas no portfólio. Nelas será vendida a linha Body Shop. Mas Tisserand não quis informar a data do lançamento.

Em novembro do ano passado, foi inaugurada uma loja com a linha Roger Gallet, em Ipanema. “Este ano vamos abrir de 80 a 100 lojas, com diferentes marcas”, informa o executivo. E a pergunta natural é se haverá novas marcas ou aquisições: “No comments”, diz, lacônico.

Um foco crescente de comercialização da LOréal é via web. ” Tisserand informa que a linha LOréal de Paris tem mais de 7 milhões de fãs no Facebook. Colorama, Essie (esmaltes) que ainda será lançado, a página brasileira já é segunda maior do mundo, 15 milhões de fãs. Lancôme, Kiehls, SkinCeuticalss tem venda pela web e este ano serão abertos entre cinco e seis sites por marca. Forte no mercado profissional de produtos para cabelos, a LOréal quer crescer no segmento de menor renda. Amplia a atuação com os chamados micro distribuidores, que treinam profissionais de salões com a linha Matrix. Há 50 micro distribuidores em comunidades do Rio (35) e de São Paulo (15) que formaram 5 mil profissionais em salões de beleza.

Todos são recrutadas e treinadas com apoio do Sebrae. Bancos parceiros financiam os micro distribuidores. Este ano a meta é chegar a 90 deles, levando a proposta a Salvador e em Porto Alegre. “Temos um programa para ajudar pessoas sem formação a ter uma formação profissional”, completa Tisserand.

Fonte: Valor Online