Com avanço da IA, não basta estar no topo do Google. Especialistas explicam como marcas devem se adaptar à nova lógica dos mecanismos de busca
A inteligência artificial está transformando radicalmente o modo como as pessoas buscam informações on-line. Com a chegada de plataformas como ChatGPT, Gemini e os novos AI Overviews do Google, não é mais suficiente estar na primeira página dos resultados: a verdadeira presença digital está em ser a resposta direta que essas ferramentas entregam ao usuário.
Segundo especialistas da Abradi (Associação Brasileira dos Agentes Digitais), o foco do comportamento digital migrou da navegação por links para o consumo de respostas resumidas e objetivas. “O usuário não quer mais acessar vários sites. Ele quer uma solução clara e rápida, que muitas vezes já aparece na própria interface da IA”, explica Carlos Paulo Jr., presidente da entidade.

Além do Google, plataformas como YouTube, Instagram, TikTok e chatbots conversacionais também passaram a integrar o processo de busca. Isso levou à necessidade de um novo modelo de presença digital: o Search Everywhere Optimization, ou seja, otimização de conteúdo em múltiplos canais.

Conteúdo estruturado e relevante
A qualidade da informação continua sendo um pilar fundamental. De acordo com Carlos Eduardo de Castro Alves, CTO da Niara, empresa brasileira especializada em SEO e IA, a produção de conteúdo precisa levar em conta o contexto, a intenção do usuário e a abrangência temática. Um único artigo bem estruturado pode gerar respostas para dezenas de perguntas, desde que seja detalhado, confiável e fatiável.
Isso significa ir além da densidade de palavras-chave. O conteúdo deve apresentar tópicos holísticos, com informações complementares e organização que permita à IA entender e extrair trechos com precisão. Por exemplo, ao abordar “receitas italianas”, o ideal é incluir desde os ingredientes até sugestões de harmonização e dicas de compra — tornando o conteúdo útil para diferentes consultas.
IA exige presença multimodal
Outra tendência relevante é a abordagem multimodal. Os especialistas recomendam que produtores de conteúdo também otimizem vídeos, áudios e imagens, com descrições, timestamps e alt text detalhados. Isso amplia as chances de ser referenciado por sistemas de IA generativa, que trabalham com diferentes formatos de mídia.
“Hoje, as buscas acontecem em várias plataformas. O conteúdo precisa estar visível no YouTube, no Instagram e nos resumos das IAs. Por isso, a integração entre equipes de marketing, redes sociais e produção audiovisual é indispensável”, comenta Lisane Andrade, CEO da Niara.
Autoridade continua sendo essencial
Mesmo com as mudanças tecnológicas, alguns fundamentos permanecem. A autoridade do autor, a credibilidade da fonte e a presença de backlinks de qualidade seguem como diferenciais competitivos. Um conteúdo que une estrutura sólida, clareza, e relevância será sempre valorizado — tanto por robôs quanto por usuários.
O novo cenário exige, portanto, um ajuste nas estratégias, mas sem abandonar as boas práticas do passado. O futuro do SEO está na capacidade de adaptação e na produção de um conteúdo verdadeiramente útil, responsivo e abrangente.