Alex Ferraz

Floresta como arte: Danielian Rio apresenta Rosina Becker e Gabriel Giucci

Exposição “Amazoceno”, individual de Gabriel Giucci

Exposições “Verde que te quero ver-te” e “Amazoceno” ocupam simultaneamente a Danielian Rio, com curadoria de Marcus de Lontra e Rafael Peixoto

A Danielian Rio, importante galeria de arte contemporânea no Rio de Janeiro, apresenta até 19 de julho de 2025 duas exposições simultâneas que dialogam de forma profunda com a imagética da floresta e a reconstrução de narrativas sobre o Brasil: “Verde que te quero ver-te”, da artista Rosina Becker do Valle (1914–2002), e “Amazoceno”, de Gabriel Giucci (1987), artista da nova geração. Ambas as mostras têm curadoria de Marcus de Lontra Costa e Rafael Fortes Peixoto.

Ao reunir duas vozes de épocas diferentes, mas conectadas pela força do imaginário florestal, a galeria propõe ao público uma reflexão sensível e crítica sobre o tempo e a paisagem brasileira. Enquanto Rosina constrói uma floresta interior, animada por cores intensas, símbolos populares e uma expressividade quase litúrgica, Gabriel Giucci nos transporta a uma era imaginária anterior à presença humana, onde animais reais são representados com escala natural e uma técnica pictórica que incorpora a matéria e a densidade da própria floresta.

Exposição “Verde que te quero ver-te”, individual de Rosina Becker do Valle

O título da mostra de Giucci, “Amazoceno”, remete a um tempo geológico em que a Amazônia se impõe como organismo em disputa, entrelaçando ciência e ficção em um inventário visual de espécies. Suas obras — inéditas e produzidas exclusivamente para a exposição — expandem os limites da pintura contemporânea, oferecendo uma iconografia animal não idealizada, tratada em linho cru com técnicas que evocam o peso sensorial da natureza viva.

Já na exposição de Rosina Becker do Valle, uma das pioneiras da arte moderna no Brasil e ex-aluna de Ivan Serpa no MAM-RJ, a floresta é evocada como cultura viva, em que os elementos naturais e humanos se misturam em uma celebração do cotidiano. A curadoria estabelece diálogos com artistas modernistas como Tarsila do Amaral e Djanira, em busca de uma identidade brasileira na pintura.

“Em Rosina, a floresta emerge da terra como mito cotidiano; em Gabriel, ela antecede a história, tornando-se crítica e geopolítica”, destacam os curadores.

Ambas as mostras propõem um deslocamento do olhar urbano, ocidental e antropocêntrico, revelando a floresta como potência estética, cultural e política. Se Giucci apresenta o Amazoceno como um tempo anterior ao impacto humano, Rosina reforça que a floresta já está dentro de nós, presente em nossas memórias, afetos e símbolos coletivos.

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