Sommelière da Wine compartilha curiosidades sobre os destinos, bem como dicas de roteiro saborosas
Quando pensamos em vinícolas, imaginamos vastos campos no continente. No entanto, algumas das melhores experiências de enoturismo estão escondidas em belas ilhas, com ricas em paisagens naturais, como Sicília, Sardenha, Santorini e Córsega. Além de praias exuberantes, essas ilhas oferecem vinhedos únicos que combinam história, cultura e sabores inigualáveis.
“Explorar vinícolas em ilhas europeias vai além da degustação de vinhos. É uma imersão no terroir local, onde o visitante aprende sobre a viticultura, relaxa em belas paisagens e se conecta com a história local,” comenta Marina Bufarah, sommelier sênior da Wine, o maior clube de assinatura de vinhos do mundo.
Tendo como base os principais produtores de vinho do mundo, a Itália tem na lista a maior ilha do Mar Mediterrâneo, a Sicília, e a segunda em grandeza, a Sardenha. Já a França entra com a montanhosa Córsega, a quarta maior (atrás de Chipre). Embora não entre nessa disputa de tamanho, a Espanha também oferece dois arquipélagos sempre na moda: Baleares e Canárias.
Sicília: vinhedos ao pé do vulcão
A Sicília é um destino obrigatório para os enófilos. Os vinhos de alta qualidade utilizam as variedades nativas Nero D’Avola e Nerello Mascalese, que florescem em solos vulcânicos, especialmente nas encostas do Monte Etna, um dos terroirs mais antigos do mundo – os produtores locais estão em busca da Denominação de Origem Controlada e Garantida (D.O.C.G.).
Imagine-se caminhando pelos vinhedos ao som distante das erupções do Etna, um lembrete do poder natural que enriquece essas terras. As dicas de visitação são: Baglio di Pianetto (bagliodipianetto.it), próxima a Palermo; Baglio Soría (bagliosoria.it ), em Trapani, no meio do caminho entre Alcamo e Marsala; Firriato Cavanera (cavalera.it), nas encostas do Etna, perto de Taormina e Catânia; e Locanda Gulfi (gulfi. it), na região de Vittoria. Cada cidade siciliana, como Palermo e Taormina, guarda segredos históricos que transformam cada passeio em uma viagem no tempo.
Sardenha: ilha de tradições e sabores
A Sardenha, com seus 2 mil km de litoral deslumbrante e sítios arqueológicos, parece um mundo à parte. A ilha é lar de uvas únicas como Cannonau e Vermentino, que resultam em vinhos ricos em sabor e história. A experiência na Sardenha é enriquecida por lendas locais e tradições culinárias que remontam às antigas civilizações que ocuparam a ilha, desde fenícios a bizantinos.
Lá existem vinte D.O.C. (Denominação de Origem Controlada) e uma D.O.C.G. (Denominação de Origem Controlada e Garantida), a Vermentino Gallura, na região de Gallura (a cidade de Ólbia é a referência). Outras duas regiões vitivinícolas são as de Alghero (Sassari é a principal cidade) e de Cagliari (a capital). Há poucas vinícolas para se hospedar na Sardenha, sendo boas opções o Wine Resort Ledà d’Ittiri (margallo.it) e o Tenute Delogu Wine Resort (tenutedelogu.com), ambos em Alghero. Já nas regiões de Cagliari e Gallura há vinícolas com programas de degustação como a Capiche (capichera.it), em Arzachena, perto de Ólbia, e Colline del Vento (colline- delvento.it), em Villasimius, próxima a Cagliari.
Córsega: a alma francesa e o coração selvagem
A Córsega, conhecida como “Ilha da Beleza”, combina o charme francês com uma paisagem selvagem e indomada. Montanhas, cachoeiras e praias pitorescas compõem o cenário perfeito para vinhedos como Domaine Lazarini e Domaine de Torracia, que oferecem não apenas vinhos excepcionais, mas também uma recepção calorosa típica dos corsos. O vinho rosé, que representa metade da produção da ilha, é o acompanhamento ideal para um piquenique em uma das praias escondidas, onde o aroma do mar se mistura ao bouquet floral do vinho.
Há nove A.O.C. (Denominação de Origem Controlada) e o restante se insere na classificação Vin de Corse. Cerca de metade da produção da ilha é de rosés, um terço de tintos e, o restante, de brancos. As principais uvas nativas são Nielucciu (a mesma Sangiovese toscana), Sciaccarellu, Vermentino e Bianco Gentile.
Os corsos produzem ótimos vinhos, embora ainda pouco explorados. Não há vinícolas com hospedagem, mas quase todas oferecem degustação e outras atividades. As dicas são: Domaine Lazarini (domainelazzarini.com), na região de Património, perto de Bastia; Domaine de Torracia (domaine- –de-torracia.com), em Lecci, região de Porto Vecchio; e Domaine Comte Peraldi (domaineperaldi.com), em Ajaccio.