O stylist e diretor criativo Adailton Junior destaca a importância dessa valorização da moda nordestina como uma forma de moldar a imagem da região.
Um movimento que tem ganhado força no mundo da moda é o reconhecimento das marcas nordestinas. Seja na São Paulo Fashion Week, Dragão Fashion ou Casa de Criadores, essa realidade contribui para um maior desenvolvimento econômico, além de difundir as culturas e identidades da região em novos espaços.
Ao ganharem visibilidade, marcas do Nordeste ajudam a preservar tradições culturais, muitas vezes ameaçadas pela globalização e pela produção em massa. Esse alcance vai além do sucesso comercial, impactando diretamente na forma como a região é percebida dentro e fora do Brasil.

Nesse contexto, o stylist e diretor criativo da marca autoral AREIA, Adailton Júnior, destaca a importância desse novo momento no mercado. “A moda vai além do vestir, é uma forma de expressão e reforço de identidades. Então, para o Nordeste, este é um importante movimento de valorização do nosso trabalho e da nossa história. Na última São Paulo Fashion Week, por exemplo, tivemos a participação de várias marcas do Nordeste e da Bahia, algo que impacta na maneira como somos vistos em outros lugares, principalmente em relação a qualidade das nossas peças”, comenta.
Dentre as marcas nordestinas que têm ganhado destaque, pode-se destacar nomes como Dendezeiro, Meninos Rei e Ateliê Mão de Mãe. A AREIA, marca autoral com peças fortemente influenciadas pela cultura baiana, também tem vivido um período de ascensão, principalmente após sua nova coleção ‘MIMOSA’.

Com a coleção, a marca trabalha a importância da ancestralidade para a cultura baiana, trazendo debates sobre propósito e futuro a partir da perspectiva do renascimento. Em seu editorial de ‘MIMOSA’, a AREIA destaca o artesanato e a tapeçaria, criações que reúnem valor cultural e criatividade em trabalhos resultantes do esforço manual, em especial de comunidades indígenas e afro-brasileiras. Toda a composição ajuda a construir um conceito para as peças voltado para a valorização da cultura e identidade do povo baiano.
Mas a AREIA não tem chamado a atenção só por sua nova coleção. A partir de valores bem definidos como inclusão, respeito à diversidade e sustentabilidade, a marca se destaca pelas peças oversized e modelos agênero, confortáveis a todos os corpos e estilos, além do uso de resíduos recicláveis em suas peças, como detalhes em latão, dando um toque especial às roupas.
“A AREIA tem valores bem definidos enquanto uma marca autoral baiana. Nós pensamos em peças confortáveis para todos os corpos, respeitando a identidade de cada um, além de termos um princípio sustentável, com uma produção menos poluente e que consiga reutilizar materiais descartados. Além disso, sendo uma marca da Bahia para o mundo, temos esse interesse em difundir nossa cultura para outros lugares, algo que fizemos em todas as nossas coleções. Antes de ‘MIMOSA’, por exemplo, lançamos ‘Édige’, inspirada nas obras do fotógrafo baiano Mário Cravo Neto, um dos mais importantes da história nacional. Então, poder colocar a Bahia nas peças é um princípio que levamos muito a sério e temos conseguido bons resultados”, completa Adailton Junior.
Ao todo, a última São Paulo Fashion Week contou com 14 marcas nordestinas que puderam levar o Nordeste ao maior evento de moda da América Latina. Assim, a maior visibilidade às marcas ajuda não só a popularizar a produção regional, algo que contribui economicamente com a produção de empregos, mas também auxilia a quebrar estigmas históricos ainda relacionados às identidades do povo brasileiro.