O acordo de uma potencial fusão entre Petz e Cobasi causou disparada das ações na bolsa de valores diante das perspectivas de ganho de mercado e corte de custos para as empresas. As duas empresas estão entre as maiores companhias do setor no Brasil. Se for concretizada, a fusão criará uma gigante com receita de R$ 6,9 bilhões e 483 lojas em cerca de 20 estados, sendo 249 unidades da Petz e 234 da Cobasi. No mercado financeiro, a reação causou uma disparada da ação PETZ4, que subia mais de 38% na última sexta-feira, dia 19.  Porém, o negócio ainda depende da aprovação das autoridades para sair do papel. Mas, quais serão as consequências dessa união para o consumidor final?

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Com a fusão, a companhia surgida a partir da união entre as duas gigantes, será tão grande, que deverá impor seus preços e suprimir a concorrência. Nesse caso, caberá ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) analisar o quadro e encontrar respostas,

O mercado financeiro estima que o tamanho das duas empresas teriam entre de 15% a 20% do total do segmento pet, o que traz  alguma confiança de que a aprovação não deve encontrar dificuldades. “A fatia de 15% a 20% é baixa. Diversos outros segmentos possuem menos concorrentes”, diz Fernando Siqueira, head de research da Guide Investimentos. “Ainda é cedo para afirmar. Em teoria, monopólios costumam criar um ambiente prejudicial para os consumidores. Porém, ainda que haja 20% de mercado, a princípio o mercado continua pulverizado”, concorda Gabriel Costa, analista da Toro. 

Porém, é necessário ter cuidado quando se fala estamos falando de comércio. Quando você está falando de varejo, o que importa são os mercados regionais”, destaca Mário Nogueira sócio de M&A e Concorrencial do NHM Advogados. “Digamos que haja uma enorme concentração, por exemplo, de Cobasi e Petz e na cidade de São Paulo elas têm 90%. Mesmo que nacionalmente seja 15%, na cidade de São Paulo seria um problema muito importante que pode até, nesta hipótese, dizer que não podem se fundir”, analisa ele. 

Sérvulo Mendonça, chairman da holding SM e do Grupo Épicus, também chama a atenção para a robustez dos números. “De forma alguma 20% de um mercado significa pouco, até porque poucas atividades conseguem atingir esse percentual em relação a players de mercado.” Mas ele prossegue: “não chega a ser algo que economicamente poderia criar regras próprias para o mercado”.  A leitura de grande parte dos especialistas então é de que o comércio local ainda terá sua importância e continuará fazendo frente à Cobasi e Petz (seja com as empresas juntas ou separadas). 

Há ainda outro ponto destacado por ele: o consumidor não é o único em busca de melhores preços. Isso porque varejistas têm seus fornecedores e, nesse tipo de discussão, tamanho pode ser documento. 

A ideia então é que melhores preços de compra podem ser repassados na revenda, beneficiando assim o consumidor na ponta final. Se isso de fato vai acontecer ainda é incerto – assim como a aprovação do negócio pelo Cade.

Fonte: Revista Istoé Dinheiro – Karina Trevisan