A Mandrágora, de Maquiavel, estreia no Armazém da Utopia com temporada gratuita.
Maquiavel, em tempos em que expor a verdade era um perigo, alerta aos espectadores: “se um velho imbecil, um frade astuto, um parasita matreiro e corrupto serão hoje o vosso passatempo, a culpa não cabe ao autor, e sim ao seu tempo”.
No espaço cênico, uma trupe de menestréis, mambembes e brincantes. Um céu de Galileu, um quadro de Bruegel em uma praça pública. Garimpeiros do ouro teatral, madeira nodosa e lona resistente. O figurino disparatado e a lama dos caminhos. Nenhuma cena é privada, tudo se passa numa piazza de Florença.
Maquiavel, o fundador do pensamento político moderno, coloca em evidência as contradições entre o público e o privado, nessa obra máxima do teatro italiano renascentista.
“É o povo em ação. O povo como agente histórico. A cena popular, a partir da história contada pelo povo. O povo, como em Peter Burke, que não tinha nenhum sentido de individualidade: o indivíduo se dispersava na comunidade. Ou o povo de Bakhtin: corpo popular, coletivo e genuíno”, destaca o diretor da Companhia, Luiz Fernando Lobo.
Sobre o autor Nicolau Maquiavel
Nicolau Maquiavel viveu a transição do século XV para o XVI, período com transformações radicais nas estruturas sociais, econômicas, políticas e culturais europeias, provenientes, sobretudo, da ascensão da classe burguesa. Contemporâneo de Da Vinci e Galileu, entre outros, presenciou o conflito iminente entre a burguesia e os poderes da Igreja e da nobreza. Foi preso, torturado e exilado. No período do exílio escreveu suas obras principais, dentre as quais A Mandrágora, sua comédia mais famosa, publicada em 1524.
Sobre a Companhia Ensaio Aberto
A Companhia Ensaio Aberto nasceu no ano de 1992 com a proposta de retomar o teatro épico no Brasil e fazer dos palcos uma arena de discussão da realidade, resgatando sua vocação crítica e politizada. Desde que foi fundada pelo diretor Luiz Fernando Lobo e pela atriz Tuca Moraes, a Companhia explora a ideia do ensaio como experimento e busca romper a ilusão do teatro, questionando e reinventando a relação palco-plateia.
A montagem “O Cemitério dos Vivos” (1993) foi a que inaugurou a Companhia, que já traz em sua história mais de vinte espetáculos, incluindo edições de peças consagradas, como “Missa dos Quilombos”, que ficou mais de uma década em cartaz e tornou-se um símbolo do trabalho do grupo. Já em 2019, os últimos trabalhos do coletivo foram Estação Terminal, texto baseado na obra de Lima Barreto, e Luz nas Trevas, de Bertolt Brecht. No ano passado, o coletivo comemorou os 26 anos de trajetória com uma programação dedicada a Karl Marx, em homenagem ao bicentenário do nascimento do filósofo alemão.
Sinopse
No espaço cênico, uma trupe de menestréis, mambembes e brincantes. A Mandrágora de Maquiavel é uma sátira poderosa à corrupção da sociedade italiana da época. Conta a história do jovem florentino Calímaco, que deseja uma mulher casada que não consegue ter filhos com seu marido. Para conquistá-la, ele finge ser médico e receita um tratamento a base de mandrágora, uma planta afrodisíaca.
SERVIÇO
A Mandrágora
Até 1º de dezembro
20 apresentações na temporada, sextas, sábados, domingos e segundas às 20h
Abertura da casa 1h antes
Local: Armazém da Utopia – Armazém 6, Cais do Porto
Tel. 21.2516-4893 / 21. 98909-2402 (WhatsApp)
VLT: Parada Utopia/ AquaRio
Classificação: 12 anos
Capacidade: 250 Lugares
Duração 105 minutos
GRATUITO