Como parte de seu esforço para regulamentar e destravar o potencial econômico do Cânhamo industrial e medicinal no Brasil, o Instituto Humanitas360 leva para a Bienal de Arquitetura de Veneza uma instalação feita com painéis de Cânhamo que explora a história e o potencial desse material na construção civil e em vários segmentos da economia.
A iniciativa se articula com o trabalho da presidente do Instituto, Patrícia Villela Marino, no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social Sustentável da Presidência da República, como coordenadora do Grupo de Trabalho de Fomento à Economia do Cânhamo no Brasil.
A instalação também marca os 10 anos de atuação do H360 no país. Criado em maio 2015 por Patrícia e Ricardo Villela Marino e Piero Bonadeo, o Instituto Humanitas360 tem um compromisso histórico com o debate informado sobre a política de drogas e a justiça climática. Ao levar o potencial construtivo e ecológico do Cânhamo industrial para Veneza, o Instituto imagina o futuro refletindo sobre o passado, incluindo o espaço que será ocuparado na Biennale Architettura 2025.
Elaborada em parceria com Pedro Mendes Rocha, a obra dialoga diretamente com o tema “Intelligens”, proposto pelo curador Carlo Ratti, que busca conectar inteligência e soluções para problemas urgentes enfrentados pela humanidade em face da crise climática. O projeto exemplifica como a adaptação ao meio ambiente pode ocorrer com recursos limitados, apresentando uma abordagem que une tradição e inovação na arquitetura contemporânea.
Parte do complexo onde acontece o evento, a Corderie dell’Arsenale, deve sua extensão às cordas de navios mercantis produzidas ali a partir do Cânhamo, desde o século 15. O material, utilizado também para tecer as velas dessas embarcações, teve papel fundamental na consolidação de Veneza como potência marítima e comercial.
Variante da Cannabis sem qualidades psicoativas, o Cânhamo é uma planta milenar com aplicações tão diversas como a produção de alimentos e a indústria têxtil. No século 21, ressurge como material de construção através do hempcrete, um concreto feito de fibras vegetais que oferece propriedades únicas: leveza, excelente isolamento térmico e acústico, resistência à umidade e grande adaptabilidade construtiva.
Seu maior diferencial é o impacto ambiental positivo, pois a planta sequestra grandes quantidades de dióxido de carbono durante seu cultivo, e o processo de carbonatação do hempcrete continua absorvendo CO₂ ao longo do tempo de uso.
A 19ª Exposição Internacional de Arquitetura de La Biennale di Venezia fica aberta ao público entre 10 de maio e 23 de novembro deste ano.