Artes

Com curadoria de Letícia Lau, a mostra será inaugurada no dia 28 de janeiro, no Centro Cultural Correios RJ.
A artista visual e fotógrafa Sandra Gonçalves apresenta a exposição ‘Tessituras do Adeus’, com curadoria de Leticia Lau, no Centro Cultural Correios RJ, trazendo um conjunto de imagens impactantes que oferecem um mergulho profundo nas complexidades da vida e da morte. Explorando poeticamente o tema da transitoriedade, cada imagem é o resultado de uma meticulosa tessitura de experiências pessoais de despedida, onde Sandra Gonçalves funde suas próprias fotografias com achados digitais, criando composições híbridas que transcendem o tempo. O espectador é convidado a se aproximar da narrativa profunda que emerge do diálogo entre elas.
A abertura acontece no dia 28 de janeiro de 2026, a partir das 16h, e poderá ser visitada até 14 de março, de terça a sábado, das 12h às 19h, com entrada franca.
Sobre Sandra Gonçalves
Natural da cidade do Rio de Janeiro, e reside em Porto Alegre desde 2005. Artista visual, professora titular e pesquisadora na área da Fotografia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Possui graduação em Comunicação Visual na Escola de Belas-Artes (UFRJ). Mestrado e doutorado em Comunicação e Cultura pela Escola de Comunicação (UFRJ). Especialista em Processos Curatoriais pelo Instituto de Artes (UFRGS). É autora do fotolivro Cápsula, Editora Origem (2021) e La vie en Rouge, Coleção Photo Things (2024). Como pesquisadora e artista tem como base a fotografia. As questões que a movem e a fazem criar são aquelas relacionadas com a vida em seus múltiplos aspectos sociais, culturais, econômicos, a sobrevivência do planeta e de suas diferentes espécies. Questões relacionadas à finitude são recorrentes em seu trabalho. No ano 2000, realizou sua primeira exposição, individual, no Palácio do Catete com um trabalho fotodocumental sobre carvoarias no centro urbano da cidade do Rio de Janeiro. Desde então, produz e exibe individual e coletivamente trabalhos relacionados à fotografia. Participa da cena fotográfica e artística através de editais, convocatórias e exposições. Possui obras em acervos de museus e coleções particulares. Participa de grupos de discussão e estudos sobre a fotografia e a arte. Escreve regularmente sobre Fotografia.
Sobre Letícia Lau
Curadora, produtora cultural e arte-educadora. É especialista em Práticas Curatoriais (UFRGS) e Gestão Cultural. Atua há 19 anos na Babilônica Arte e Cultura, onde desenvolve curadorias, projetos culturais, acompanhamento artístico e profissional para artistas visuais. Fez parte da equipe curatorial da 8ª edição da CASA TATO, em São Paulo, foi curadora assistente no MACRS e integrou o Conselho Estadual de Cultura do RS. Seu trabalho em curadoria aborda questões inerentes ao campo visual com processos híbridos ou manipulação de mídia em pintura e fotografia, além da sua pesquisa sobre trajetórias de artistas visuais.
Texto curatorialTessituras do Adeus
Uma poética da fotografia sobre o tempo e a finitude.
Esta exposição é mais do que uma série de fotografias da artista Sandra Gonçalves; é um ritual de despedidas. A partir de uma experiência pessoal, a artista, com seu olhar poético, transforma o cotidiano em um espaço de reflexão profunda sobre a finitude e a existência de forma universal. É um aceno para refletir sobre as fronteiras entre vida e morte, guiados por um conjunto de imagens que revelam a profundidade da experiência humana.
As ideias de Martin Heidegger, filósofo alemão (1889-1976), sobre a morte e a finitude têm uma influência marcante tanto na filosofia quanto na arte, permeando as obras de Gonçalves com uma intensidade particular. Heidegger nos ensina que a morte, embora não possa ser vivida diretamente, molda profundamente nossa compreensão da existência. Essa reflexão é um convite para confrontar nossa condição humana e viver de forma mais autêntica. A artista, através de suas composições visuais, propõe ao espectador este confronto, revelando as complexidades e nuances da fragilidade do ser e sua transitoriedade.
As fotografias apresentadas são registros de momentos fugidios em espaços hospitalares e outros cenários ressignificados, abordando a fragilidade, a resiliência e a persistência da espécie como formas possíveis de imortalidade. Sandra Gonçalves funde suas próprias fotografias com achados digitais, criando composições híbridas que transcendem o espaço e o tempo, propondo um diálogo entre as imagens.
Segundo Catherine Lepront, o processo criativo do artista é uma projeção do mundo interior para o mundo exterior, um movimento que a artista realiza com maestria ao sobrepor imagens e criar palimpsestos visuais plenos de memórias e significados. Cada camada de suas obras é uma tessitura de experiências e emoções, onde o olhar desacomodado é capturado pela teia da aranha.
A fotografia e a produção artística assumem, por vezes, a função de driblar o apagamento com seus instantes do tempo captados, são documentos de um tempo vivido, de gatilho para lembranças que se tornam sentimento e saudade.
Sandra Gonçalves é pesquisadora e docente no Departamento de Comunicação Social da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), na área da fotografia e atenta para o conceito do tempo, um dos principais focos de sua poética artística. O tempo, nesta exposição, se relaciona com o tempo da fotografia, da vida, da aranha, da espera e da despedida. A artista recria um tempo suspenso, como na sua série anterior “Tempo Suspenso: entre o caos e a pandemia”, com imagens silenciosas, atravessadas pela dor da partida. Uma relação entre o efêmero e o perpétuo da imagem.
A exposição apresenta um conjunto de fotografias como uma “frase-imagem”, termo inspirado por Rancière (2003), aqui utilizado como imagens em um diálogo sequencial, sem conjunção. A frase-imagem proposta está dividida em três momentos: a metáfora da aranha e do tempo, formado pelas tramas tecidas por elas; imagens que narram as alterações, a espera, o caminho desconhecido e a fragilidade do ser; e fotografias que abordam a finitude e a sublimação, ecoando uma atmosfera etérea e espiritual.
“Tessituras do Adeus” amplia a ideia de exposição para uma experiência imersiva que nos força a confrontar nossas próprias mortalidades e legados. Sandra Gonçalves, com sua habilidade de tecer memórias e imagens, oferece ao espectador um convite a explorar o que significa ser humano. Através de suas fotografias, ela nos lembra de que, embora a vida seja efêmera, as conexões que fazemos e os momentos que capturamos têm o poder de transcender o tempo. (Letícia Lau)
Serviço
Exposição “Tessituras do Adeus”
Artista: Sandra Gonçalves
Curadoria: Letícia Lau
Produção Cultural: Babilônica Arte
Inauguração: 28 de janeiro de 2026, às 16h.
Visitação: de 28 de janeiro a 14 de março de 2026.
Horário: terça a sábado, das 12h às 19h.
Local: Centro Cultural Correios Rio de Janeiro – Rua Visconde de Itaboraí, 20 – Centro – Rio de Janeiro/RJ
Assessoria de Imprensa: Paula Ramagem @paulasoaresramagem
Evento gratuito
Censura Livre.
Como chegar: metrô (descer na estação Uruguaiana, saída em direção à Rua da Alfândega); ônibus (saltar em pontos próximos da Rua Primeiro de Março, da Praça XV ou Candelária); barcas (Terminal Praça XV); VLT (saltar na Av. Rio Branco/Uruguaiana ou Praça XV); trem (saltar na estação Central e pegar VLT até a AV. Rio Branco/Uruguaiana).
Acessibilidade: adaptado para pessoas cadeirantes
A exposição tem como público-alvo empresários, profissionais liberais, artistas, fotógrafos, colecionadores, professores, estudantes e público em geral.