Alex Ferraz

Diagnóstico precoce de arritmia reduz risco de AVC e salva vidas

Especialista destaca que identificar a arritmia cedo evita AVC, melhora o tratamento e pode levar à cura definitiva.

De um coração que dispara sem aviso a um simples cansaço sem explicação, as arritmias cardíacas podem se manifestar de formas quase imperceptíveis — ou nem dar sinal. O problema é que, por trás desses sintomas discretos, pode haver riscos sérios que comprometem a vida. Com o envelhecimento populacional e o aumento das doenças crônicas, cresce no Brasil o número de internações e mortes associadas aos distúrbios do ritmo cardíaco.

Diagnóstico precoce é essencial

Reconhecer o problema de forma precoce é decisivo para evitar complicações graves, como o Acidente Vascular Cerebral (AVC) e a insuficiência cardíaca. Dados do DATASUS mostram que, entre 2019 e 2023, foram registradas cerca de 283.970 internações por arritmia no país, sendo 74.492 apenas em 2023. A Fibrilação Atrial, tipo mais comum, é cada vez mais frequente entre adultos, segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

Sintomas e exames que ajudam na detecção

Segundo a cardiologista Marianna Andrade, coordenadora do serviço de cardiologia do Hospital Mater Dei Salvador (HMDS), as manifestações variam de palpitações e batimentos irregulares a tontura, falta de ar e fadiga — ou nenhum sintoma. “Essa variação torna essencial a avaliação periódica. Muitos pacientes convivem com arritmias silenciosas que elevam o risco de complicações graves”, explica.

O diagnóstico começa na consulta clínica e é complementado por exames como eletrocardiograma, Holter de 24 horas e monitor externo de até sete dias, que aumentam a chance de identificar arritmias intermitentes e definir o melhor tratamento.

Avanços que permitem a cura

Nos últimos anos, a ablação por cateter, procedimento minimamente invasivo, se consolidou como tratamento eficaz e, em muitos casos, curativo. “Quando realizada com os recursos corretos e por equipes capacitadas, a ablação elimina a arritmia e devolve qualidade de vida”, afirma a especialista. O método é indicado para tipos específicos de arritmia e apresenta alta taxa de sucesso.

Além disso, novos medicamentos oferecem mais eficácia e menos efeitos colaterais. Em casos selecionados, o uso de marcapassos e desfibriladores implantáveis também pode ser recomendado para controlar o ritmo cardíaco e prevenir complicações.

Prevenção e hábitos saudáveis

Há fatores modificáveis que reduzem o risco de arritmias e suas complicações: manter uma alimentação equilibrada, praticar atividade física regular, controlar o peso e a pressão arterial, tratar diabetes e apneia do sono, não fumar, moderar o consumo de álcool e evitar bebidas energéticas e pré-treinos. “Cuidar das comorbidades e manter o acompanhamento médico reduz significativamente o risco de arritmias e seus desfechos”, reforça Marianna Andrade.

Em caso de palpitações recorrentes, tontura, falta de ar, dor no peito ou histórico familiar de arritmia ou morte súbita, a recomendação é procurar avaliação médica. “Não ignore o que o corpo diz. Um diagnóstico precoce pode salvar vidas e evitar sequelas permanentes”, conclui a médica do HMDS.

Diagnóstico precoce de arritmia reduz risco de AVC e salva vidas
Foto: Divulgação
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