Professor vem do latim e significa aquele que declara publicamente; aquele que assume, perante todos, o compromisso com o ato de ensinar e de transformar.
Na tradição filosófica ocidental, Platão via o professor filósofo no topo da pirâmide da importância social. Para ele, a verdadeira educação era capaz de libertar a alma das amarras da ignorância e conduzi-la para a luz do conhecimento e da virtude. O professor seria assim não apenas um transmissor de informações, mas o próprio condutor da sociedade rumo ao bem comum.
É claro que todos os ofícios merecem respeito, mas digo sem qualquer dúvida: o de professor é o mais importante deles, por ser a base de todos os outros. Não há advogados, médicos ou engenheiros sem o professor.
Em verdade, digo: o Brasil já respeitou os professores. Houve tempos de valorização, em que a voz ecoava no coração dos alunos, e os conselhos moldavam caminhos da nação. É importante lembrar que nas primeiras décadas do século XX, ser professor era sinônimo de prestígio, liderança e respeito, especialmente nas pequenas cidades e comunidades do nosso país.
O professor era frequentemente convidado a opinar nos debates sociais, a orientar as famílias e até mesmo a intermediar conflitos políticos. Não por acaso, muitos de nossos grandes políticos, cientistas e artistas fizeram questão de reconhecer publicamente a influência fundamental dos professores na trajetória de vida.
No Brasil contemporâneo, ser professor tornou-se um pesadelo: adoecimento; abandono do respeito social; ausência de reconhecimento simbólico, institucional e financeiro.
No Brasil contemporâneo, há uma inversão: a figura do professor vem sendo esquecida, substituída por dicas rápidas de influenciadores irresponsáveis e de promessas rápidas; por coaches de fórmulas mágicas, que ignoram a intelectualidade e a ética que a educação exige.
Respeitar o professor é fundar a moral e a intelectualidade de um país.
Um verdadeiro professor não entrega respostas prontas: constrói perguntas, sustenta o diálogo e prepara para a vida.
Quando o valor do professor é escanteado, desfaz-se pouco a pouco o alicerce que suporta tudo o que é grande e duradouro.
Hoje, 15 de outubro, ratifico: revalorizar o professor é uma urgência. É reconstruir o Brasil. É projetar o futuro de nossa gente.
Como professor, declaro, publicamente, meu comprometimento com a profissão das profissões.
Carlos André Pereira Nunes
Professor, especialista em educação, diretor do Instituto Carlos André