“Gosto do fato de que ‘Bottega’ significa oficina – uma com uma longa e multifacetada história na Itália. Trata-se do esforço coletivo do ofício; com a artesania, as pessoas que a fazem e as pessoas que a usam têm importância. É onde a mão e o coração se tornam um só.” – Louise Trotter
Retornar ao início para encontrar o presente. A jornada da diretora criativa Louise Trotter e sua coleção de estreia começa com as origens da Bottega Veneta.
A extravagância de Veneza, a energia de Nova York e o essencialismo de Milão servem como pontos de encontro e de partida para a coleção e para a própria história da casa, refletindo sua trajetória e a de Laura Braggion, primeira mulher a liderar a direção criativa da Bottega Veneta, entre os anos 1980 e o início dos 2000. Ainda assim, é a revolucionária “soft functionality” do original Intrecciato aplicado às bolsas, desenvolvido pelo cofundador Renzo Zengiaro, que permeia e une toda a coleção, do extravagante ao cotidiano, do vestuário aos acessórios. Maleável e moldável, o clássico trançado em escala de 9mm/12mm retorna em estilos reinterpretados para o presente, enquanto o espírito da funcionalidade suave infunde todas as peças.
Na coleção, o romantismo do processo é celebrado – da meticulosa atenção aos detalhes ao desdobramento intencional do classicismo nas roupas. Técnicas e materiais são transpostos, com a alfaiataria informando tudo. Tecidos leves de alfaiataria proliferam, enquanto peças como trench coats em couro Nappa ou vestidos de noite com forro de algodão revelam a importância das estruturas internas, cada uma impregnada com a disciplina e a naturalidade da tradicional alfaiataria masculina. Tanto a moda feminina quanto a masculina são produzidas em fábricas e oficinas preservadas pela tradição italiana de alfaiataria masculina, trazendo todo o rigor, funcionalidade e refinamento característicos desse universo aplicados a ambos os sexos.
As bolsas da coleção refletem a estratificação da história da casa. Estilos clássicos são revitalizados e renascem: a Lauren surge em novas proporções; a Knot adota uma estrutura mais suave; a Cabat pode ser recortada para formar uma clutch, enquanto sua base triangular inspira as construções dos ombros nas roupas da coleção. Essas mudanças de design ao longo do tempo, somadas às técnicas transpostas, também dão origem a novas propostas, como a Squash, a Framed Tote alongada e a Crafty Basket – um verdadeiro tour de force das habilidades artesanais.
Fundada em 1966, a Bottega Veneta celebra em 2026 seu 60º aniversário. Para marcar a ocasião, Louise Trotter convidou o artista britânico e diretor vencedor do Oscar, Steve McQueen, para criar a trilha sonora do desfile. O resultado é ’66 – ’76, uma obra sonora que apresenta Nina Simone e David Bowie, cujas interpretações de Wild Is the Wind foram reconfiguradas pelo artista para formar um “dueto” – uma espécie de Intrecciato sonoro. Como afirma McQueen: “Você ouve essas vozes belas se entrelaçando, colocando juntas coisas complementares, mas diferentes, para criar algo totalmente novo.”
E como coloca Louise Trotter:
“A linguagem da Bottega Veneta é o Intrecciato. E ele é uma metáfora. São duas tiras diferentes entrelaçadas que se tornam mais fortes – duas partes que juntas criam um todo mais robusto. Colaboração e conectividade percorrem esta casa e sua história, desde o início até o que ela é hoje. Trata-se de diferentes lugares, diferentes pessoas, homens e mulheres – partes e histórias individuais que se entrelaçam para formar um todo mais forte.”