Alex Ferraz

Marcas de saúde erram ao ignorar o marketing da longevidade

Ignorar o público 50+ pode comprometer a imagem e os resultados de marcas que ainda se comunicam como há 10 anos, alerta especialista.

Com o envelhecimento acelerado da população brasileira e o aumento expressivo da demanda por saúde e bem-estar, muitas marcas ainda se comunicam como se estivessem em outra época. A consequência disso é uma percepção de desatualização e distanciamento de um público que já mudou – e muito.

Segundo Daniela Vergara, CEO da DV Marketing, agência especializada em posicionamento estratégico no setor da saúde e longevidade, essa defasagem pode ser perigosa. “Uma marca da área de saúde que insiste em falar como falava há 10 anos corre o risco de parecer desconectada ou até mesmo desrespeitosa com seu público”, afirma.

Com mais de 20 anos de experiência em branding e marketing, Daniela afirma que o problema vai além da aparência visual. “O público 50+ já é o principal consumidor de saúde no Brasil, mas continua sendo tratado com estereótipos e uma comunicação genérica. O mercado ainda está preso a uma ideia ultrapassada do que é envelhecer, o que prejudica até mesmo negócios tecnicamente excelentes.”

Divulgação

A especialista lista sete erros comuns que comprometem o posicionamento de marcas no setor e como evitá-los:


1. Estética antiquada para parecer “séria”

A associação entre seriedade e elementos visuais como a cor azul ou fontes serifadas é um equívoco. “A estética precisa refletir valores atuais como acessibilidade, acolhimento e tecnologia. Não basta parecer confiável, é preciso parecer relevante.”


2. Linguagem infantilizada para o público maduro

Termos como “melhor idade” ou abordagens condescendentes são rejeitados. “O consumidor maduro quer clareza, respeito e autonomia. Ele quer dados, entender tecnologias e acompanhar sua saúde com profundidade, sem ser tratado como incapaz.”


3. Resistência ao rebranding

O rebranding ainda é visto com receio por muitas marcas de saúde. Mas, segundo Daniela, ele não significa perda de identidade, e sim evolução estratégica. “É alinhar o que a empresa é com como ela quer ser percebida. Isso impulsiona crescimento, atrai parcerias e retém talentos.”


4. Comunicação sem estratégia

Campanhas feitas apenas para redes sociais, sem uma narrativa clara, transmitem improvisação. “O digital exige uma identidade coesa, com posicionamento definido. Um feed bonito não substitui uma estratégia bem construída.”


5. Subestimar a inteligência do público 60+

Simplificar demais o conteúdo é um erro grave. “Esse público , pesquisa, compara e deseja personalização. Tratar esses consumidores com superficialidade enfraquece qualquer marca.”


6. Marketing feito por amadores

Em muitos negócios, o marketing é delegado a pessoas sem formação. “Isso gera retrabalho, desgaste e ineficiência. Contar com uma equipe especializada, mesmo terceirizada, garante consistência e resultado.”


7. Não ouvir o próprio público

Criar campanhas bonitas não basta. É preciso entender a experiência real do cliente. “Uma marca precisa ser vivida no dia a dia, do agendamento ao pós-atendimento.”


Visão de futuro: marketing intergeracional

Para Daniela, o marketing da longevidade não é sobre falar com idosos, mas compreender a transição demográfica como uma oportunidade estratégica. Trata-se de criar marcas mais humanas, inclusivas e culturamente atualizadas.

“O consumidor mudou. O marketing precisa acompanhar. Falar sobre longevidade é tratar de respeito, visão de futuro e inovação. Quem entender isso agora, estará anos à frente no mercado.”

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