O mercado ótico brasileiro está em franca expansão. De acordo com previsões da Associação Brasileira da Indústria Óptica – Abioptica, 2024 deve encerrar com um avanço de pelo menos 4%. E o motivo é simples: de acordo com dados fornecidos pelo IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, há no País algo em torno de 40 milhões de pessoas que precisam de correção ótica. Mas, os percentuais de crescimento que vêm se acumulando nos últimos anos levam a um motivo complementar.
Os estilos e a participação do óculos na vida do cidadão vêm ganhando novos contornos e com isso o negócio ótico inspira crescimentos ainda mais robustos. Porém,, por trás desse crescimento há um cenário preocupante: Dos quase 30 mil pontos de venda no Brasil, estima-se que cerca de 80% são óticas familiares, que faturam ao ano no máximo R$ 1 milhão, enquanto o restante é composto por grandes redes varejistas.

Mas em meio a isso uma empresa familiar vem se destacando no interior do Rio Grande do Sul, com uma fórmula que pode servir de exemplo para tantas outras que enfrentam sérios desafios para se manter vivas e competitivas diante dos grandes conglomerados: relacionamento, experiência do usuário e curadoria de peças de alta qualidade. Essa é a história da Tri-Jóia, uma empresa que nasceu em 1975, vendendo óculos populares e hoje tem seis unidades no circuito Porto Alegre – Gramado, no Sul.
Mas, chegar a essa conclusão não foi fácil. O CEO da Tri-Jóia, Whill Silva, que é a terceira geração à frente da marca, teve que travar discussões familiares intensas para mudar a empresa da cidade de Campo Bom na referência em óculos no estado, que já é o sexto maior consumidor de óculos do Brasil com uma média anual de faturamento na casa de R$ 1 bilhão, segundo dados oficiais. Hoje, ele conta com a maior loja de óculos física do Rio Grande do Sul com quase 300 m2 e não para de crescer.
Com sede atualmente em Novo Hamburgo, a empresa de sete operações – sendo seis físicas e uma online – que vai bater R$ 17 milhões de faturamento bruto em 2024, e mais de 20 mil vendas realizadas, conseguiu dobrar sua receita em apenas cinco anos, saindo de lojas simples e “sem graça”, para ambientes descontraídos e um atendimento “que é o nosso grande impulsionador”. Segundo o CEO, “a gente não vende mais óculos, nós entendemos nosso cliente para vender o seu estilo”.
Quebrando o Ciclo
Silva acompanhou profundamente os desafios enfrentando pelo seu pai e pelo seu avó – ambos morreram em 2020 – e decidiu não permitir que a empresa da sua família fosse absorvida pelos grandes conglomerados ou fechasse as portas. “Caso o mercado não se reinvente, dou no máximo 15 anos para que a maioria das empresas familiares quebrem ou sejam compradas”, sentencia. “Nós decidimos nos reinventar e não tenho problemas em compartilhar essa experiência”, destaca.
Esse movimento vem requisitando um toque de humildade, uma vez que Silva, apesar de sua grande experiência no setor, teve que reconhecer que precisava de ajuda para organizar a empresa e continuar na rota do crescimento. E para isso acionou a XR Advisor, um fundo de investimentos, que vem auxiliando a Tri-Jóia na estruturação da sua governança corporativa para que possa assim dar próximos passos, que visam manter o crescimento médio anual de cerca de 30%.
Segundo o CEO da XR Advisor, Rodolfo Oliveira, “a Tri-Jóia é uma empresa que tem uma história forte e conhecimento técnico profundo. Nossa função será auxiliar na organização dos processos e a partir disso investir capital que vai suportar o desenvolvimento acelerado da companhia”. Experiente no setor do middle market, Oliveira já identificou oportunidades claras no mercado ótico. “Nosso plano é fazer da Tri-Jóia um grande ecossistema de experiência, tendo a ótica como mola propulsora”, finaliza.