Alex Ferraz

Artista tcheco Jan Kaláb apresenta obras inéditas em “Corte Construção” na Galeria Movimento

Abertura da exposição acontece em 13 de novembro, com apresentação da badalada DJ Luluta, e visitação acontece até 14 de dezembro, na Gávea 

Após hiato de dois anos sem expor no país, Jan Kaláb retorna à Galeria Movimento com mais de 20 obras inéditas para a mostra intitulada Corte Construção. Nessa exposição, suas já conhecidas cores vibrantes e formas orgânicas dão lugar a obras com traços mais arquitetônicos, em preto e branco ou em cores primárias como azul e vermelho, e que representam um momento mais conceitual de sua carreira.  

Aos 46 anos e já conhecido por sua abordagem inovadora e multidisciplinar, Jan Kaláb apresenta uma série que explora a relação entre forma, sombra e espaço, inspirado no gesto primário da obra de Lucio Fontana, utilizando técnicas de corte e construção e criando instalações tridimensionais que desafiam a percepção do espectador. As obras expostas revelam uma linguagem única, que combina precisão técnica com expressividade artística.  

Para Kaláb a mostra reflete uma conexão pessoal com o Rio de Janeiro: “Embora já tenha apresentado minhas cores vivas e formas orgânicas há dois anos, sinto que ainda há muito a explorar artisticamente, por isso, nesta fase revisito uma série de trabalhos de uma década atrás, onde utilizo facas para desenhar círculos e construir composições, transformar telas em elementos escultóricos. As cores são reduzidas a preto, branco, vermelho e azul, além do tom cru da tela não preparada. Esta exposição oferece uma visão mais ampla da arte que eu apresento, que permite o público compreender melhor minha abordagem como artista”. 

A mostra representa um novo olhar de Jan Kaláb, que parte do vazio para construir as sobreposições que expressam um lado reflexivo e imersivo. Os trabalhos podem demostrar interseções com o grande conflito mundial que vivemos há dois anos: a Guerra da Ucrânia – país próximo à República Tcheca.  

Para ele, “a aspereza e a precisão das obras, com pedaços de tela cortados e planos perfeitos se tornando porosos, podem simbolizar ossos expostos ou territórios perdidos, refletindo a brutalidade de uma maquinaria precisa”.  

O artista também diz que a narrativa dos trabalhos expostos em 2022 e, agora, em 2024 permanece a mesma. “Antes, o choque do ataque próximo ao meu país era palpável. Hoje, o choque se dissipou, mas a realidade vem se agravando. O mundo parece desequilibrado, com novos conflitos surgindo. Nada é certo e tudo pode ser perdido a qualquer momento”.

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