Alex Ferraz

Moda sustentável na passarela do Caminho Niemeyer

Oito marcas de diversos estilos, além de duas linhas de joias sustentáveis, apresentarão novas propostas criativas dentro da programação do Festival Cidades Eco Criativas, que acontece de 15 a 17 de novembro em Niterói

Será que a indústria da moda finalmente caminha para deixar de ser uma das mais poluentes do planeta? Se depender dos profissionais que apresentarão suas criações no desfile da School Models Fashion Show – Moda Sustentável na Passarela, em 16 de novembro, como uma das atrações do Festival Cidades Eco Criativas, esse é o caminho. O festival acontece entre os dias 15 e 17 de novembro, no Caminho Niemeyer, em Niterói, numa realização do Instituto Niemeyer e da Contato Eventos com apoio da Prefeitura de Niterói. Na passarela, técnicas como upcycling, patchwork, slow fashion, moda circular, reuso de tecidos e reciclados transformados em roupas, calçados e acessórios.

“A proposta do Festival e, por consequência, do School Models Fashion Show – Moda Sustentável na Passarela, é a de apresentar um desfile show com marcas que tenham o conceito sustentável. Dessa forma, reunimos oito marcas com estilos diversificados em seu processo de sustentabilidade, que têm como pilares a redução do impacto ambiental, principalmente em relação ao uso dos recursos naturais, emissão de gases e geração de resíduos”, explica Francisco Martins.

O desfile tem entrada franca e começa às 19h, numa passarela de 60 metros montada a partir da rampa da Fundação Oscar Niemeyer beirando o espelho d’água em torno do prédio. Cerca de 60 modelos exclusivos da School Models desfilarão todas as criações começando pela moda praia em materiais sustentáveis, seguida dos modelos esportivos/street wear em tecidos biodegradáveis, fator UV e marcas participantes de programas de gerenciamento de descartáveis de resíduos; depois, a moda circular com reutilização de peças usadas; slow fashion com matérias primas naturais e artesanais e, fechando, criações da moda autoral upcycling, patchwork e atemporal que transformam peças usada que ser iriam ser descartadas numa nova peça.

Pela passarela passarão jaquetas que um dia já foram guarda-chuva, looks para lá de modernos nascidos a partir de uniformes da Enel, vestidos de noiva em tecidos com garrafas pet na composição, tingimento com frutas e temperos naturais, entre outras propostas sustentáveis e inovadoras. As criações levam a assinatura de Lahanna Brand, Almir França, RELEVO, Oficina Muda, Atelier Holif, Anhanguera Moda, AMASSÔ, Aluminiun Eco Joias, SÀVORY e My Gosh.

“Esperamos que esse desfile especificamente tenha a capacidade de mudar e dar sentido à vida graças a conexões. A moda tem papel significativo no que se refere à identidade, atuando entre o indivíduo e a sociedade. Ao optar por peças de alta qualidade e durabilidade, a moda atemporal reduz a necessidade de comprar roupas novas com frequência, o que diminui a poluição ambiental. Como o próprio nome sugere, o estilo atemporal é aquele que conta com peças que atravessam épocas, sem perder sua validade e originalidade. Em outras palavras, são roupas e calçados chamados de “curinga”, ou seja, que caem bem com qualquer ocasião ou combinação. Então, sugerimos que os convidados do desfile já comecem a exercitar essa proposta usando looks transados com produções criativas em peças sustentáveis”, propõe Francisco Martins, da FM Stylist Fashion, responsável pela direção de curadoria de marcas do desfile.

Uniformes se transformam em novos looks pelo toque do upcycling do estilista Almir França

Entre as atrações do School Models Fashion Show – Moda Sustentável na Passarela, estará a moda autoral e focada no processo upcycling do estilista, pedagogo e ativista dos direitos humanos, Almir França, uma coleção de looks únicos e sustentáveis a partir do reaproveitamento e reuso de uniformes de trabalhadores do serviço de energia elétrica.

A coleção “Energia”, desenvolvida pelo coordenador dos projetos da Escola de Moda Circular (EcoModa), que há mais de 20 anos se dedica à pesquisa e desenvolvimento de peças, como roupas e acessórios, a partir do reuso de resíduos de uniformes de trabalhadores, mostra a potência do upcycling e ressignifica uma nova produção no âmbito da moda e da arte de forma geral. O estilista dá vida a peças que seriam descartadas, como roupas ou sobras de materiais, diminuindo a quantidade de resíduos lançados no planeta. Vale lembrar que a indústria da moda é a segunda maior poluidora do mundo, atrás apenas da indústria petrolífera.

“Sonho e penso em fazer roupa, em fazer moda de forma inclusiva. Os trabalhadores, quando uniformizados, são invisibilizados. Por isso, o resgate. A moda me salvou e acho que salva muitas pessoas no Brasil. E aí, pensar em uma escola inclusiva, para mim, sempre foi um norte. Isso, sem falar na população pela qual eu tenho bastante interesse, que me conduziu e me fez chegar até aqui enquanto cidadão, enquanto sujeito, que é a população trans”, destaca Almir França, que apresenta uma roupa livre, sem gênero ou tamanho, o que ele mesmo chama de “roupa absolvida”.

Professor, estilista, cenógrafo e ativista do movimento LGBTQIAP+, Almir França é graduado pela Sociedade Propagadora das Belas Artes. Possui Pós-graduação em Moda, pela Universidade Veiga de Almeida e é Mestre em História da Moda SENAC SP, 1992. Almir França é estilista há 23 anos e é responsável pela criação dos projetos da escola de moda circular Ecomoda e Escola de Divines.

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