
No elenco estão Grace Orsato e outros skatistas, ao lado de Karina Buhr, Gilda Normacce e Paulette Pìnk
obra focaliza o cotidiano de meninas skatistas de rua da periferia de São Paulo
no enredo do filme estão presentes skate e empoderamento feminino, assédio, preconceito a homossexuais e machismo
são compostas por mulheres a equipe técnica principal e os personagens de destaque
diretora venceu o Festival do Rio com “De Menor”, seu longa de estreia
“Meu Nome é Bagdá”, o novo longa-metragem dirigido pela cineasta paulista Caru Alves de Souza e produzido por Rafaella Costa para a Manjericão Filmes, ganha suas primeiras exibições durante o 70° Festival de Cinema de Berlim. O evento é considerado, ao lado do Festival de Cannes, como a mais importante competição cinematográfica internacional.
O filme integra a prestigiosa mostra Generation 14plus, dedicada a retratar a realidade de jovens ao redor do mundo, e já tem contrato de distribuição internacional firmado com a Reel Suspects, empresa francesa que detém em seu catálogo produções assinadas por nomes como Jean-Luc Godard, Chris Marker e Alain Robbe-Grillet.
Bagdá, a personagem central do longa, é uma garota de 17 anos que vive na Freguesia do Ó, bairro da periferia da cidade de São Paulo. Ela anda de skate com um grupo de meninos e passa boa parte do tempo com sua família e as amigas de sua mãe. Juntas, elas formam um grupo de mulheres pouco convencionais. Quando Bagdá finalmente encontra um grupo de meninas skatistas, sua vida muda. Em seu cotidiano ela encontra apoio familiar e empoderamento feminino, mas também assédio sexual, preconceito a seus amigos homossexuais e machismo.
Segundo Caru, que também é corroteirista do longa, o roteiro nasceu do “desejo de contar uma história sobre situações cotidianas vividas por personagens oriundos de um bairro de classe média baixa da cidade de São Paulo, tentando encontrar a poesia existentes nas situações cotidianas.” Segundo ela, a intenção foi fazer um filme “com personagens mulheres que fossem fortes e fugissem dos estereótipos, e também se fortalecessem através dos laços criados entre si.” Com isso, “permitiriam ilhas de amor e afeto, num mundo que freqüentemente é hostil a elas”, conclui a diretora.
A personagem título é interpretada pela skatista Grace Orsato, que vive seu primeiro papel no cinema. No elenco estão ainda Gilda Normacce, a cantora e atriz Karina Buhr e a drag queen Paulette Pìnk.
Além do elenco principal, “Meu Nome é Bagdá” tem também assinaturas de profissionais femininas no roteiro, direção, produção, fotografia e direção de arte.
Caru revelou-se na direção de elogiados curtas-metragens (“Assunto de Família”, “O Mundo de Ulim e Oilut”), documentários e séries. Seu primeiro longa-metragem, “De Menor” (2013), foi eleito como melhor filme no Festival do Rio, tendo conquistado ainda o prêmio do público para melhor atriz no Festival de Marseille (França), o Prêmio APCA de melhor fotografia e o prêmio de melhor atriz no Festival de Cuiabá.