
Todas as glórias para Gustavo, pela inteligência, pela qualidade de ator, pela coragem de enfrentar um texto dessa ordem e nos prender o tempo todo com tanta integridade e com tanto talento! Fernanda Montenegro
Com absoluta maestria, Gustavo Gasparani brinca em cena como se fôssemos crianças impressionadas com a maldade do mundo. Concilia narração e representação, performance e exposição, em vôo livre.
Tania Brandão
Menos é mais. Gustavo Gasparani, com a coragem que só os grandes artistas possuem, encena sozinho 24 personagens diferentes do drama histórico, com direção de Sérgio Módena. E aí o menos vira um gigantesco espetáculo. Sem estar caracterizado — apenas corpo, voz e em um momento utiliza um véu —, Gustavo mostra que o ofício de ator está na capacidade camaleônica de mudar de voz, gênero e idade.
Cláudia Chaves
Gustavo Gasparani reestreia o premiado monólogo “Ricardo III”, obra de William Shakespeare, um dos maiores dramaturgos do teatro ocidental, com direção de Sergio Módena, nodia 03 de janeiro, sexta-feira , no Teatro Poeirinha.
Em cartaz há seis anos, “Ricardo III” vem de temporadas de enorme sucesso, com lotação esgotada e elogios do público e crítica no Rio de Janeiro, São Paulo e nos festivais de teatro de Salvador, Angra dos Reis, Curitiba, Porto Alegre, Roraima, Rondônia e Brasília. Gasparani recebeu por este espetáculo os prêmios de melhor ator da APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) e do FITA (Festival Internacional de Teatro de Angra), sendo ainda indicado na categoria melhor ator aos prêmios Shell, APTR, Aplauso Brasile Cesgranrio, na categoria melhor espetáculo ao prêmio CEMIG e na categoria melhor direção ao prêmio FITA.
Gustavo é um “homem de teatro”, com formação em canto e dança. Além de ator, assinou como autor, diretor e produtor vários outros espetáculos e também participa desde a sua fundação da Cia dos Atores, que completou 30 anos e com a qual, atualmente, encena “Insetos”, espetáculo que roda todo o país desde o ano passado. Gasparani também é professor de teatro na Fundação Cesgranrio e no Colégio Andrews. Dentro do universo de Shakespeare já montou espetáculos como “Otelo da Mangueira” (2006) e “Romeu e Julieta ao Som de Marisa Monte” (2018) e já se prepara para estrear seu quarto espetáculo shakespeariano em 2020, com a Cia dos Atores, a tragédia “Júlio Cesar”, que retrata a conspiração contra o ditador romano, seu assassinato e suas conseqüências.
Desde a estreia de “Ricardo III” em 2014, Gasparani já dirigiu espetáculos musicais de sua autoria de enorme sucesso como “Samba Futebol Clube” (2014), “SamBRA – 100 anos de Samba” (2015), “Gilberto Gil – Aquele Abraço” (2016), “Zeca Pagodinho – A Saga de Um Herói Suburbano” (2017)e “Bem Sertanejo – O Musical”, com Michel Teló, em 2017.
“Ricardo III” narra um pedaço da história da Inglaterra. É um dos primeiros dramas históricos escritos por William Shakespeare e encerra em si um dos contos mais tenebrosamente sedutores que já se ergueram em cena. O texto traz uma visão rica dos bastidores políticos no que se refere à imoralidade e à ambição desmesurada para se alcançar o poder. Mesmo tendo se passado pouco mais de quatro séculos, os temas abordados servem para refletirmos sobre o mundo em que vivemos. “Ricardo III” discute a luta por poder, intrigas, e a hipocrisia da política.
Gustavo Gasparani e Sergio Módena assinam a adaptação do texto de Shakespeare, que propõe um único ator em cena para “contar” essa história fascinante. Interpretando 24 personagens diferentes, Gasparani alterna a narração e dramatização, num jogo cênico instigante, que revela, não só o conteúdo da obra de Shakespeare, mas também a natureza do próprio teatro. A cada instante se transforma, convocando o público a usar a imaginação e a embarcar nas inúmeras possibilidades das convenções teatrais. O figurino de Marcelo Olinto se resume a calça, blusa e tênis e no palco estão uma luminária, uma mesa, um quadro negro, pilots, um apagador e um cabideiro, com os quais Gasparani “contracena” em cenário criado por Aurora dos Campos.
“Todos os meus instrumentos de ator são exigidos no seu máximo, além da proposta remeter ao processo de criação dos meus textos e personagens. Toda essa viagem, tendo Shakespeare como companheiro, o meu preferido, e tendo a oportunidade de falar os belos versos traduzidos por Ana Amélia Carneiro de Mendonça (mãe de Barbara Heliodora) durante os solilóquios do protagonista, são como ouro para um ator. Shakespeare nos oferece um universo riquíssimo e imagens poéticas que revelam a alma humana como nenhum outro autor.” – conta Gustavo Gasparani.
Um espetáculo de linguagem popular e acessível, que transita entre a construção poética original de Shakespeare e intervenções narrativas para revelar a alma humana. Assim como fazia Shakespeare em seu tempo e que continua atual até hoje. Afinal, as questões levantadas pelo bardo continuam pungentes, pertencem às ruas, aos homens e mulheres de qualquer idade e classe social. Pertencem ao nosso mundo que, cada vez mais tecnológico, pode ser terrivelmente primitivo quando o lado sombrio da nossa natureza se manifesta perante o mais ínfimo vislumbre de poder.
Sinopse
Encenada pela primeira vez entre 1592 e 1593, com enorme sucesso, a peça se passa no final da Guerra das Rosas (1455-1485), conflito sucessório pelo trono da Inglaterra ocorrido entre 1455 e 1485 que coloca em choque político os dois ramos da dinastia Plantageneta: a Casa Real de York e a Casa Real de Lancaster. Ricardo, Duque de Gloucester – que de fato governou a Inglaterra de 1483 a 1485 –, não sente remorso algum ao eliminar seus adversários, tramando complôs, traindo familiares e casando-se por interesse com o único fim de chegar ao trono. Shakespeare retratou Ricardo III exagerando-lhe as características físicas de feiúra e sua maldade pessoal, criando um vilão fascinante aos olhos do público.
Além disso, os diálogos elaborados pelo autor no fim do século XVI chegam ao século XXI, em toda a sua força, carregados de maldades, ressentimentos e ódios à flor da pele, legítimos duelos verbais.
Ficha Técnica
Autor: William Shakespeare
Adaptação: Gustavo Gasparani e Sergio Módena
Tradução em verso: Ana Amélia Carneiro de Mendonça
Direção: Sergio Módena
Ator: Gustavo Gasparani
Pesquisa e apoio teórico: Liana Leão
Música original e direção musical: Marcelo Alonso Neves
Direção de movimento: Marcia Rubin
Cenário: Aurora dos Campos
Figurino: Marcelo Olinto
Iluminação: Tomás Ribas
Programação Visual: Mary Paz
Produção: Celso Lemos e Lilian Bertin
Produção & Realização: Coisas Nossas Produções Artísticas
SERVIÇO
Espetáculo: “Ricardo III”, com Gustavo Gasparani
Local: Teatro Poeirinha (Rua São João Batista, 104 – Botafogo – Tel.: 21. 2537-8053)
Texto: William Shakespeare
Adaptação: Gustavo Gasparani e Sergio Módena
Direção: Sergio Módena
Categoria: drama
Elenco: Gustavo Gasparani
Reestreia: 03 de janeiro, sexta-feira
Temporada: de quinta a domingo até 16 de fevereiro
Horário: Quinta a sábado: 21h e domingo: 19h
Preço: R$ 60,00 (inteira) e R$ 30,00 (meia)
Duração: 90min
Classificação: 12 anos