
O hábito de fumar charutos envolve uma série de rituais, que começam com a escolha do produto. É preciso sentir o charuto entre os dedos, sentir o aroma, perceber a umidade e as condições da capa. O ato aparentemente simples de cortar e acender também exige técnica. Dominar os protocolos passa a ser tão prazeroso quanto a própria degustação, assim como aprender a harmonizar charutos com o acompanhamento ideal.
“A degustação do charuto é um momento de apreciação. As bebidas que melhor harmonizam costumam ter essa mesma característica, são degustadas lentamente, valorizando cada aspecto do sabor”, explica Edgar Esch, sócio da tabacaria Esch Café – La Casa del Habano.
Sobre os harmonizadores mais clássicos, Edgar destaca vinho do Porto, conhaque, rum e whisky, mas prefere não se fechar a nenhuma experiência. “Hoje em dia as pessoas são revolucionárias, algumas harmonizam charuto com cerveja e drinks. Licores também são bons parceiros, como Frangelico, Cointreau e Drambuie. Não são harmonizadores tão habituais, pois alguns são muito adocicados, mas têm o seu público”, explica o empresário. Outra opção sugerida é o B&B, famoso drink que combina licor Bénédictine e conhaque. “Invencionice que já virou clássico”, brinca Edgar. “No Brasil, por exemplo, temos um harmonizador bem particular, que é a cachaça. Algumas pessoas gostam dessa combinação com a cachaça bem gelada”.
Para compor a harmonização, o principal fator a se considerar é gosto pessoal – o que não exclui outros aspectos, como condições climáticas e tipo de charuto. “No frio, conhaque, rum e whisky são ótimas opções, principalmente com um charuto mais encorpado, de estrutura mais forte. Mas se você está degustando em uma área externa, com clima mais quente, o conhaque é agressivo. Nesse contexto, valem combinações mais leves e refrescantes. Muitas pessoas gostam de harmonizar o charuto com drinks, como Dry Martini, Negroni, Daiquiri e Mojito”.
Perguntado sobre bebidas que devem ser evitadas, Edgar prefere não ser taxativo. “Isso é muito pessoal, nada deve ser descartado. Eu particularmente acho que o vinho tinto não harmoniza tão bem com charuto, assim como vinho branco e champanhe. Diferente do vinho do Porto, uma bebida mais alcoólica e de sabor mais suave, que tem harmonização perfeita”.
O empresário dá algumas dicas de combinação: Charutos aromáticos como o Cohiba Talismán 2017, recém-lançado no Brasil, combinam com bebidas neutras e robustas, como conhaques e runs envelhecidos. O Partagás Serie D Nº 4 é um charuto robusto de estrutura forte, que harmoniza com vinho do Porto 20 anos. Já o Montecristo Nº 4 tem uma estrutura média a suave, combinando com bebidas leves como Mojito ou Daiquiri.
Como bom entendedor, Edgar ressalta ainda a importância de conhecer a procedência dos charutos, principalmente os cubanos, que são mais afetados por falsificação e contrabando. No Brasil, os famosos Habanos são importados e distribuídos exclusivamente pela Emporium Cigars. “Uma combinação premium depende também da qualidade dos produtos, por isso é importante estar atento à origem dos charutos”, finaliza.