A Fábrica de Startups e a Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alemanha do Rio de Janeiro (AHK Rio) lançaram nesta segunda-feira, dia 22, no Rio, o Programa I² (Inovação e Inclusão), que tem como desafio aumentar a empregabilidade dos jovens em risco social no Brasil. Durante o “Discovery Day”, como foi chamado o primeiro passo do projeto, estavam reunidos na plateia gestores de RH, empresários e representantes de ONGs interessados em contribuir para a diminuição da desigualdade social do Rio de Janeiro, por meio de vagas do programa Jovem Aprendiz.
“Nosso presidente eleito neste ano, Antônio Roberto Cortes, quer focar na área social. Por isso, nada mais justo do que apoiar este projeto de alto impacto, que vai transformar a vida de jovens em situação de vulnerabilidade social”, acredita Hanno Erwes, Diretor Executivo da AHK Rio.
Este é o primeiro grande projeto social da aceleradora corporativa. “A Fábrica de Startups entende que o empreendedorismo e a inovação são dois dos principais instrumentos para termos uma sociedade capaz de resolver seus desafios e criar um mundo melhor. É com isso que vamos trazer empreendedores e startups para impactar milhares de jovens que podem ter a oportunidade de se inserir no mercado de trabalho e ajudar as empresas a encontrarem pessoas capacitadas e com o desejo de transformar suas vidas e o ambiente que lhes der a chance de trabalhar”, explica o CEO da Fábrica de Startups, Hector Gusmão.
O evento contou com a participação da juíza Vanessa Cavalieri, titular da Vara da Infância e da Juventude do Tribunal do Rio, que apresentou ao público um perfil dos jovens infratores do Rio de Janeiro. De acordo com Vanessa, atualmente, o Estado do Rio de Janeiro conta com cerca de 95 mil vagas para jovens aprendizes, e menos de 50 mil estão preenchidas. Há, portanto, mais de 40 mil vagas ociosas em empresas privadas e públicas, que descumprem a determinação legal de inclusão e profissionalização de jovens.
“Existem no Estado 4 mil jovens em situação de alto risco social. Vale ressaltar que nem todos que estão nesta situação de vulnerabilidade cometeram um ato infracional, mas se continuarmos fingindo que eles não existem, vão acabar cometendo por não terem tido uma oportunidade. Hoje em dia, as empresas preferem pagar multa por não cumprir a cota de Jovem Aprendiz”, conta.
Elionai da Costa, de 19 anos, é um dos que participam do programa Jovem Aprendiz e estava no evento para falar sobre as dificuldades que enfrenta na busca de uma vaga no mercado de trabalho. “Já fui da vida errada, tenho proposta todo dia do tráfico de drogas para voltar para o crime, mas não quero. Fiz um curso de eletricista, em um projeto em parceria com a Universidade Veiga de Almeida, e quero ter minha primeira carteira de trabalho”, afirma o jovem.
Conseguir o primeiro trabalho formal é mesmo um grande desafio para jovens de 18 a 24 anos. De acordo com um levantamento feito pela empresa argentina de pesquisa em tendências Trendsity, para 77% dos jovens brasileiros a exigência de experiência anterior é a maior barreira na hora de arranjar o primeiro emprego. Por isso, o evento também contou com depoimentos de empresários para que relatassem o porquê de tantas resistências e dificuldades em contratar esses jovens e como contornar este problema.
“As empresas precisam se humanizar e perceber que todo mundo importa. Lá na Merck implementamos o Jovens Aprendizes sem quem ninguém, além dos gerentes envolvidos, soubessem quem são os três jovens que pertencem ao programa no meio dos outros 27 que foram contratados. Não queríamos que fossem olhados com desconfiança. E eles estão indo muito bem. Este programa permite que a gente troque um fuzil por uma carteira de trabalho”, diz Renato Senna, ex diretor de RH da Merck e atual diretor geral da Ong Rede Cruzada.
A partir do dia 12 de agosto começa a segunda etapa do projeto, com duração de cinco dias, que é a semana da ideação, em que 40 pessoas serão selecionadas e divididas em dez grupos, mergulhando no problema tanto pelo lado do RH, quanto dos jovens que buscam por um emprego. Na sequência, inicia-se a fase de aceleração, com a participação de no máximo cinco startups, que apresentaram protótipos de ideias no fim de três meses. Depois de serem analisadas por uma banca julgadora, será escolhida a ideia mais viável para entrar na fase de pós-aceleração. Durante sete semanas serão oferecidas ferramentas para que a startup consiga atender em larga escala a demanda da empresa. A expectativa é de que no fim do ano se chegue à solução para o desafio da inclusão social. Ao longo do processo, os participantes vão trabalhar na Fábrica de Startups, contando com a metodologia da empresa e também suporte nos negócios para ajudar a se transformar numa startup.