O IBGE divulgou hoje o pior resultado do IPCA para o período desde 2002, quando variáveis como cenário político e câmbio jogavam contra. É o que mostra análise do relatório econômico divulgando hoje pelo Sindicato do Comércio Varejista de Material Elétrico, Eletrônicos e Eletrodomésticos do Rio de Janeiro (Simerj). “Infelizmente o cenário se repete e não temos gordura para queimar e muito menos vislumbramos um cenário internacional com liquidez como a história demonstrou nos anos seguintes às eleições daquele ano”, explica Antônio Florêncio, presidente do Simerj.

A tendência observada no gráfico 1 termina nos 9,62% observados em novembro, e de acordo com os especialistas não deve parar por ai. “Estamos próximos de fecharmos com um índice na casa dos dois dígitos. Vale lembrar que o INPC (inflação para renda mais baixa) já ultrapassou os 10%. Além das esperadas altas nos combustíveis, energia e transportes, alimentação no domicílio deu um salto significativo no Brasil e no Rio, assumindo um protagonismo conjunto neste final de ano (gráficos 2 e 3). Uma aceleração totalmente fora da sazonalidade observada neste item. Isto acende definitivamente o alerta para uma nova elevação dos juros pelo Banco Central do Brasil”, comentam.

Para o Sindicato, o cenário dos próximos meses será de aperto monetário. “Apesar de termos comentado sobre as dificuldades que teríamos pela frente, nova alta de juros não vinha sendo contabilizada nas análises das últimas semanas. Como podemos ver pelos gráficos 4 e 5, os preços dos eletrônicos continuam em queda e os consertos em alta. Um movimento que demonstra mudança de comportamento do consumidor, uma redução da demanda por produtos duráveis que sofre com a restrição do crédito. Com mais juros o Rio vai sofrer mais. Apesar disso, dada a resistência da inflação provocada por choques de oferta e pressões represadas, o BCB deve optar por afundar ainda mais a economia, como se o caminho natural mesmo sem a alta da Selic já não fosse este”, alertam os especialistas.