A preocupação com a questão da energia no Brasil é grande e o atraso do país – especialmente no Rio de Janeiro – é preocupante. Hans Rauschmayer, especialista em microgeração de eletricidade a partir de fontes renováveis alertou para isso durante o seminário Energia Solar – Oportunidades para o Comércio de Material Elétrico Eletrônico e Eletrodoméstico, promovido pelo Simerj (Sindicato do Comércio Varejista de Material Elétrico, Eletrônicos e Eletrodomésticos do Rio de Janeiro) no início do mês. Ele lembrou ainda que o investimento em materiais e tecnologias no âmbito da energia solar pode ser um bom negócio para empresários e comerciantes.
“A tecnologia de energia solar chegou ao Brasil há pouco tempo e a expectativa é de que ela cresça nos próximos anos, impulsionada pela escassez atual. É muito simples instalar um sistema solar em qualquer prédio, justamente onde mais se consome energia. Esse crescimento demanda uma cadeia de fornecimento de materiais específicos, desde módulos fotovoltaicas, passando por kits pré-confeccionados até componentes mais simples como seccionadoras, cabos e conectores. Uma oportunidade única para pioneiros que se estabelecem como referência do setor”, disse.
De acordo com o empresário, caso a prefeitura do Rio de Janeiro resolvesse investir em energias renováveis, precisaria seguir três passos: incentivar esse investimento nas próprias edificações; revisar o Selo municipal de sustentabilidade Qualiverde para torná-lo mais prático e atrativo e aderir oficialmente ao programa 50 telhados do Instituto Ideal.
“A maioria das instalações no Rio de Janeiro são residenciais. Nossa própria instalação, pioneira nesta cidade, reduziu a conta de luz durante o primeiro ano em 50%. Recentemente implantamos medidas de eficiência energética e chegamos, no último mês a uma redução de 68%. Das instalações maiores se destacam o Maracanã Solar e a Biblioteca Pública”.
Um bom exemplo é Minas Gerais, que tem agido de forma proativa. Hans lembra que o aquecimento solar ganhou terreno no estado a partir da constatação da Cemig de que seria difícil atender à demanda crescente de eletricidade por chuveiros elétricos. A concessionária conseguiu apoio do município de Belo Horizonte, concedendo desconto de IPTU para quem instalasse aquecimento solar.
“Na área de energia fotovoltaica, Minas Gerais foi o primeiro a aprovar uma lei, em agosto do ano passado, isentando de ICMS por cinco anos a energia gerada em sistemas distribuídos. O sinal chegou aos cidadãos e hoje é líder absoluto em números, contando com 50 instalações solares, 19% do total do país”, disse o especialista.
Na esfera federal, a Aneel está promovendo o aumento da energia solar. No planejamento energético a longo prazo da EPE (Empresa de Pesquisa Energética) é possível perceber uma atenção maior a essa fonte energética. Outro passo importante, segundo Rauschmayer, foi o recente leilão de energia de reserva, que incluiu pela primeira vez a energia solar de forma separada. No entanto, o empresário acredita que ainda falta o planejamento a médio prazo, que seria a base para instalar um parque industrial no Brasil e um programa de incentivo pelo ministério de Minas e Energia.