Peça voltada para o público juvenil reestreia no Teatro Clara Nunes, em 14 de janeiro
Xico considera Leo um irmão. Pilar não consegue viver sem sua melhor amiga, Cissa. Eles estudam no mesmo colégio e, prestes a fazer vestibular, vivem incertezas comuns à adolescência. Eles se conhecem, se relacionam, vivem intensamente aquele momento de suas vidas e, depois, seguem seus rumos. Essa poderia ser uma história comum; sem lições de moral, sem finais surpreendentes. Poderia acontecer com qualquer pessoa. Mas no espetáculo Na Real, que reestreia no dia 14 de janeiro, terça-feira, no Teatro Clara Nunes, no Shopping da Gávea, os personagens ganham autonomia para interferir e modificar seus desfechos, em tempo real. Como se pudessem parar o tempo e mudar o roteiro dali em diante.
A Saideira Produções Artísticas leva ao palco o espetáculo juvenil do autor Thiago Bomilcar Braga, que joga uma luz diferente sob os clichês recorrentes na vida de um adolescente. A peça apresenta um leque de diferentes possibilidades diante de temas clássicos como a amizade, a virgindade, a relação com os pais, a azaração, os estudos e as incertezas do futuro. Tudo sem uma fórmula única. Afinal, as opções são muitas: o final pode ser feliz, mas não necessariamente encantado. A primeira vez pode ser romântica, mas não exatamente perfeita.
Os atores Cacá Ottoni, Guilherme Prates, Renan Ribeiro e Tainá Bevilacqua, acostumados a dialogar com o público adolescente em seus trabalhos em TV, teatro e cinema, dão vida aos personagens. Em vez de narrar toda a história e deixar a reflexão para o público, eles questionam suas possíveis escolhas, compartilhando com seus amigos suas dúvidas e críticas, no exato momento da situação.
Acompanharemos, por exemplo, o momento em que Pilar conta à Cissa que ficou com um menino legal e como se desenrolará o segundo encontro entre eles. Como será a festa em que eles se encontrarão e o que vai acontecer por lá. Como o envolvimento dos dois vai evoluir e como e porque terminará. Saberemos o que eles pensam sobre amizade, sexo, paixão, vestibular, bebidas, a relação com os pais e muitas outras questões.
A co-direção de Bomilcar Braga e Eudes Veloso aproxima a linguagem teatral com a do vídeo-clipe, com recortes rápidos de cena, fugindo da linearidade clássica do teatro. As cenas começam do meio e terminam antes de uma finalização tradicional. É uma narrativa em hipertexto, como se os personagens estivessem interpretando aquela história. Os figurinos e cenário da Gambiarra e a trilha original de Cainã Bomilcar completam a linguagem metateatral.