Uma pesquisa divulgada recentemente pelo Plano Diretor de Transportes Urbanos (PDTU) mostrou que a proporção de usuários a optarem pelo deslocamento individual motorizado (táxis, motocicletas e carros particulares) aumentou de 25,8% para 28,5%, e a dos que usam o coletivo caiu de 74,2% para 71,5%, no Rio de Janeiro. Com mais veículos particulares na rua e menos usuários de transporte público, o fluxo de trânsito aumenta ainda mais na cidade.
Para Celso Luiz Martins, autor do livro Código de Trânsito Brasileiro Comentado (Ed. Elsevier), uma boa medida para conter o alto fluxo que os cariocas vivem hoje é investir nos transportes públicos. “Isso é uma condição essencial para a mobilidade urbana. O investimento deve considerar não só a qualidade do transporte público, como também a ampliação da malha rodoviária e ferroviária (principalmente metrô). Deve-se considerar ainda que as empresas que operem o transporte público assumam responsabilidades e sofram permanentes fiscalizações pelo poder concedente”, explicou o especialista.
De acordo com Celso, é preciso que os órgãos públicos saibam administrar de forma correta as questões operacionais relacionadas ao transporte “Não adianta o Poder Público assumir a oferta do transporte público e não apresentar capacidade operacional e estrutura administrativa eficiente. O governo precisa, sim, exercer uma gestão capaz de definir e fiscalizar a operação dos transportes públicos concedidos”, afirmou.
Com os grandes eventos esportivos que o Brasil receberá nos próximos anos, o fluxo de trânsito certamente aumentará. No entanto, Celso acredita que as mudanças que os eventos prometem não representam soluções a curto e médio prazos. “Infelizmente em nosso país as soluções são pensadas a longo prazo. Tão longo que quando se realizam, não atendem mais o problema. Temos como exemplo o metrô para a Barra da Tijuca, no Rio. O transporte vai concentrar demanda no centro da Barra, sem previsão de melhoria da mobilidade a partir daí”, comentou.